terça-feira, 31 de julho de 2012

Uma patinete?? Sério???

Acordei mais cedo do que esperava por causa desse maldito fuso estranho (e do Sol que atravessa a cortina daqui do quarto como se ela não existisse). Vamos falar sobre ontem, meu primeiro dia no centro de Lyon.

Precisava estar na escola as 8 horas e além de umas direções genéricas dadas em francês não tinha nem idéia de chegar lá. Acordei as 6, tomei um banho (não sei se a mulher da casa se incomoda, mas eu vou tomar banho todo dia to nem aí...), comi um pão com manteiga e uma tigela de sucrilhos e fiquei esperando os outros estudantes levantar, tínhamos combinado de sair as 7... 7 e 10 saímos todos, eu, o colombiano, a Anya (que depois de pedir para ela repetir 3 vezes desisti de descobrir da onde ela é e só sorri e concordei) e o pai dela.
Não sei se para meu alívio ou desespero os 3 também não tinham idéia da onde estavam indo, mesmo tendo dito junto comigo que as direções passadas eram claras ontem.
Com algum esforço e discussões chegamos ao metrô e foi lá que eu vi a cena mais bizarra de toda a minha estadia até agora (esse dia foi cheio de cenas estranhas): uma mulher saiu do trem levando um cachorro em um carrinho de bebê...
Continuando: muda de linha aqui muda de linha ali, chegamos na escola (depois de uma longa discussão sobre qual lado era o norte em que as duas partes estavam erradas) e o pai da Anya foi embora (ainda não entendi o velhinho, acho que ele veio deixar ela e queria ter certeza que ela ia conseguir chegar na escola, não confiou na gente não sei pq... Eu e o colombiano manjamos muito de errar o norte).

Lá eu fiz um teste oral tranquilo, vi uma apresentação da escola, recebi meus horários e vi que minhas aulas iam ser só a tarde. No corredor eu encontrei o Heitor falando com um grupo de brasileiros, só nós dois tínhamos aulas a tarde então decidimos rodar o centro de Lyon até dar o horário.


Primeira quest: comprar um chip daqui para o celular.

Essa foi bastante complicada, primeiro tentamos andar a esmo procurando uma loja da orange (operadora daqui), não deu muito certo e depois de uns 4 quarteirões achamos que era melhor perguntar. Como o Heitor manjava mais de francês ele que parava as mulheres na rua e perguntava... parecia que ele fazia questão de escolher as que estavam com fone de ouvido. Nós fomos informados que por ali não tinha nenhuma, mas atravessando a ponte chegavamos no centro da cidade e lá devia ter (para nossa surpresa não estavamos no centro ainda). Foi nesse caminho que vimos a segunda cena bizarra do dia: Pessoas adultas andando de patinete como se fosse um meio válido de transporte... O Heitor começava a se matar de rir toda vez que via um patinete, e não foram poucas. Precisamos apreender a controlar isso ou vamos acabar apanhando, já tiveram umas 2 pessoas que nos olharam estranho.
Andamos infinitamente por um calçadão no centro até chegarmos na Orange (e descobrir, da pior maneira, que o calçadão na verdade era uma rua e passavam carros de vez em quando).
Compramos nossos chips e encontramos uma outra menina que estava fazendo o curso com a gente lá, decidimos esperar ela para sairmos juntos... ela não entendeu isso acho pq comprou o chip dela, nos deu tchau e foi embora sem mais nem menos! Depois de xingar um pouco aquela filha de uma boa mãe, saímos da Orange e reparamos que eles tinham outra loja naquele mesmo quarteirão (Mas nenhuma em todo o caminho que nós fizemos... pq alguém faz isso???).

Bom esse post já ficou longo e tenho aulas agora então vou dividir ele em duas partes, mais tarde eu falo sobre as outras quests.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Églises et Musées

Okay, a internet está ruim, eu estou sem sono então acho que vou contar um pouco mais sobre meus dias em Lyon.

Sábado quando eu cheguei estava exausto, eu só tomei um banho e fui dormir, isso lógico só depois de carregar minha mala de 28 kilos e a mochila de 70 litros por dois andares de escada sozinho...

No domingo eu combinei de me encontrar com o Coquinho na Ponte Kitchener, que supostamente ficava perto de casa, no horário do almoço pq nós íamos visitar um museu. De manhã eu resolvi ver se achava essa tal ponte... mapa da cidade em mãos sai para explorar! Primeiro fui na direção oposta (óbvio, sou eu afinal!), quando percebi que não tinha idéia de para onde estava indo comecei a seguir as placas que me mandavam para Igreja de St. Just pq achava que sabia onde ela ficava no mapa e dali poderia me identificar. Não precisa dizer que quando cheguei na igreja percebi que a que eu estava vendo no mapa era outra, St. Irénée. Voltei para a casa (depois disso o mapa todo fez sentido) e fui para St. Irénée, a igreja parecia ser muito bonita, uma pena que não estava aberta.

Bom, dali eu fui para a tal ponte, mas no caminho eu notei que passava por várias ruas estreitas que eram somente para pedestres, e todas elas chamavam montée qualquer-coisa... Achei que montée era o nome para essas ruas que não passam carros, voltando da ponte percebi não. Montée é morro, e um baita de um morro devo dizer... subir aquilo não foi nada agradável!

Foto Pseudo-Artística da vista da Ponte


Bom, mais tarde eu finalmente me encontrei com o Coquinho e nós fomos para o Museu dos "Automates", que é bem interessante (porém meio pequeno e caro), quando estavamos entrando no museu que o Coquinho lembrou de falar que era para trazer a carta da École para pagar meia... bom, eu não ia voltar para casa então tentei dar um migué, quando a mulher perguntou se nós eramos estudantes, o Coquinho mostrou a carta da école, eu mostrei meu RA da Unicamp bem rapidamente, a mulher nem percebeu (e provavelmente ela nem verifica isso direito) e cobrou meia de nós dois.
Os "Automates" são como marionetes mecanizadas que ficam se movimentando o tempo todo. Para dois engenheiros foi bem interessante prestar atenção no sistema mecânico por trás daquilo, é um brinquedo bastante complexo... Lá tinham vários tipos de marionetes, algumas bem legais que recriavam os livros de Júlio Verne e Victor Hugo, uma do Pasteur na sua sala de estudos, algumas mostrando o cotidiano do francês da idade média, tudo bem interessante (e um pouco assustador, eu já tenho medo de marionetes, ainda mais essas que se mexiam!).

Pena que foto não da para ver o movimento


Como saímos bem cedo desse museu resolvemos visitar um outro, achamos o mais próximo no mapa e seguimos em sua direção, no caminho paramos em outra Igreja para ver como ela era (já falei que para todo lado que você olha tem uma igreja barroca aqui?). Dali pegamos o metro para a Basílica de Nossa Senhora de Fourvière (Basilique Notre-Dame de Fourvière) que é provavelmente a maior e mais impressionante igreja que eu já vi em toda minha vida. Ela era simplesmente gigante! Dentro dela existiam imagens da Nossa Senhora de tudo-quanto-é-lado, algumas da Africa, da Ásia, etc. Parei um pouco para rezar para Nossa Senhora de Fátima já que é com ela que já estava mais acostumado.



Ao lado da Basílica tem um mirante com uma vista de toda Lyon, muito impressionante mesmo! E do outro lado tinha um museu, como ainda tínhamos tempo paramos para conhecer ele, na porta fomos atendidos por um senhor muito simpático que nos disse que era 8€ para entrar, perguntamos se tinha desconto para estudante, ele pediu nossos documentos, como eu estava mais perto entreguei meu RA para ele... ele ficou olhando perplexo para o cartão por uns 40 segundos depois perguntou em que ano eu nasci, respondi e ele me disse que eu podia entrar de graça por ter menos de 21 anos... okay, vamos lá (Ah, boa parte desse diálogo foi em inglês, isso significa que eu não entendia nada do que ele falava... pq as pessoas saem do francês?).



O museu tinha um monte de quadros de um cara que eu não conheço que parecia ser cheio de críticas a sociedade da época, nós dois não entendemos absolutamente nada... Fomos embora e notamos na porta que menores de 20 anos pagavam meia e estudantes pagavam meia, nossa teoria é que as meias se somaram e deram uma inteira.

Saimos de lá já deviam ser umas 4 horas, como ainda sobravam mais 5 horas de sol (Sim, aqui anoitece lá pelas 9 e 30) resolvemos andar a esmo mesmo. Acabamos dando de cara com um Anfiteatro Romano - Gaulês MUITO impressionante. Ele era gigantes e você podia ver nitidamente o planejamento da arquibancada, muito bem feita, com rotas de acesso bem distribuídas, bem melhor que o Ginásio de Mogi. Estavam fazendo a passagem de som para algum show, mas nós não esperamos para ver, ao invés entramos em um museu que tinha ali do lado. Esse sim era um museu grande, pagamos 2.5€ mas dessa vez a mulher nem pediu para ver a carta que provava que somos estudantes. Lá tinha bastante coisa interessante e verdadeiramente antiga, tudo coisa da época do império romano para trás...





Depois do museu finalmente voltamos para casa (óbvio que nos perdemos um pouco para fazer isso). Eu dei uma pesquisada naquele show do teatro e descobri que tem um puta festival lá que esse ano trouxe Rodrigo y Gabriela, Bob Dylan, Kasabian e etc... Mas naquele dia o show era ruim então nem perdemos muita coisa.

Quando o Coquinho passar as fotos eu edito esse post e coloco algumas aqui...

E como eu ligo esse tal de ecrã?

Bom, ainda está no começo da tarde e eu já não aguento mais andar... tinha falado com o Heitor de sair mais tarde, mas agora que deitei não sei se eu animo não.

Hoje vou falar um pouco do vôo para cá. Eu vim pela TAP - uma companhia portuguesa para quem não sabe - e levei aproximadamente 21 horas para chegar aqui. Saí de São Paulo as 17:10 (por muito pouco não fui para o aeroporto as 7:10) da sexta em um voo com destino a Lisboa.

Não foi o melhor dos voos mas não foi ruim. Eu vi acontecerem alguns problemas, mas nenhum comigo além da dor na coluna por passar 10 horas sentado em um avião. Eles colocaram um sistema de entretenimento que, de acordo com o "aero-moço" (é incrível como português até nisso erra!), era novo. O conteúdo era bom, porém não gostei muito da interface. Ele é uma tela embutida na poltrona que parece imitar o iPad, tem até aquele "botão" característico no centro da parte inferior, que é na verdade só um LED azul. A navegação é horrível, buggada e nada amigável... a do cara sentado do meu lado travou quando ele resolveu ver "O Informante" (filme muito ruim aliais) e não voltou a funcionar em momento algum durante o voo! Ouvi reclamações de outras pessoas dizendo que o mesmo aconteceu com eles. Comigo ela funcionou de boa, talvez pq eu não sai apertando os botões feito um retardado mental que nem o meu vizinho, eu gastei alguns minutos LENDO o que estava escrito na tela, ou devo dizer, ecrã.
Como eu disse, o conteúdo era muito bom, ele tinha vários filmes (Sherlock Holmes 1 e 2, Jogos Vorazes, Fúria de Titãs, O Informante, etc etc) mas um que me chamou atenção foi The Blind Side, aquele filme do cara que é adotado por uma família e vai jogar futebol americano, mal entrei no voo e já lembrei da minha mãe na hora (Ela vê esse filme umas 4 vezes por semana), acabei vendo Jogos Vorazes mesmo durante as primeiras horas do voo (Pensei em ver os outros depois mas desisti). Depois do filme eles serviram a janta, como estava sentado no fundo, quando o carrinho finalmente chegou até mim a opção com massa já tinha acabado, isso foi um problema para a mulher na minha frente, que era vegetariana e a "única" comida disponível era frango, mas ela reclamou com uns 2 aero-moços e mágicamente eles acharam mais 4 refeições com massa (incrível como tinham 4 refeições e 4 comissários de voo, coincidência não???).
Depois disso pensei em dormir, mas não consegui, a ansiedade era muito grande então fui fuçar nas músicas que tinham no tal iPad, demorei para achar os cds bons, eles estavam na pasta memórias, coletâneas do Queen, The Who, Supertramp, Dire Straits, etc. Eu coloquei o The Wall no último volume e escutei ele inteiro, em estúdio e ao vivo. Depois disso consegui dormir um pouco, acordei quando eles serviram o café da manhã. Depois de comer, como faltava pouco tempo para chegar em Lisboa eu fui ver os programas mais curtos, e para minha surpresa eu encontrei a ultima temporada completa de How I Met Your Mother e de The Big Bang Theory, vi uns 2 episódios de HIMYM e depois finalmente chegamos ao aeroporto.

Devo ter chego chegado (a Yu me disse que é assim, eu ainda acho que chegado é vocativo para garçon mas okay... Vergonha não? Ser corrigido na sua língua natal por uma estrangeira) as 7 horas da manhã em Lisboa, isso foi um problema pq meu voo para Lyon só saia as 14:30, saí andando a esmo pelo aeroporto até que olhando para uma vitrine eu vi um nome muito  grande se destacar: "Mario Puzzo", entrei na livraria na hora e comprei o The Last Don por 9 euros junto com um cartão telefonico pq meu celular não estava dando sinal. Acho que li umas 100 páginas aquele dia, foi bom, fazia tempo que não conseguia ler tanto de uma vez só. Sobre o voo de Lisboa para Lyon não tenho muito para contar, encontrei uma galera do Rio Grande do Sul que também estava fazendo intercâmbio, inclusive 2 que iam para as Écoles Centrales e vim falando com eles.
Ahh, uma coisa que achei muito estranha no voo é que eu entendia melhor o Inglês dos portugueses do que o Português, e que por algum motivo quem decidia a hora que a gente devia fechar e abrir a janela era o aero-moço, ele passava mandando a gente abrir a janela, não fez muito sentido para mim.

PQP esse post ficou grande, tentarei resumir nos próximos

domingo, 29 de julho de 2012

Eu? Um blog? Concordo, é absurdo!

Bom, sempre me perguntei: Porque todo mundo que veio para França fez um blog??? Isso me parecia bobeira mas depois de hoje acho entendi.

Isso é realmente um jeito muito mais fácil de contar as novidades para todos sem ter que digitar a mesma coisa umas 10 vezes então vou tentar. Não prometo muito, admito que não sei escrever, odeio fazer isso na verdade, mas vamos ver no que vai dar... quem sabe isso não me faz bem!

Primeiro sobre o nome do blog, acho que essas são expressões que eu mais usei desde quando cheguei na França... o meu Je m'appelle Daniel não está ajudando muito aqui, o povo francês fala muito rápido, chega a dar raiva! Depois, quando eles se tocam que estão falando com um estrangeiro, eles diminuem o ritmo, mas por alguns instantes é o inferno! De resto está tudo bem... ao contrário do estereótipo, até agora fui muito bem recebido, todos com quem falei foram muito educados, até estranhos na rua para quem pedia direções me trataram bem, o famoso francês mal humorado não se mostrou até agora. Uma coisa que achei bastante engraçada é que muitos franceses quando percebem que você é estrangeiro tentam falar em inglês com você... não ajuda! Em geral o sotaque francês é horrível, não dá para entender nada do que eles falam, entendo muito melhor o francês do que o inglês deles! (Tirando o inglês da Leila, a dona da casa em que estou ficando, ela fala muito bem).


Bom já está tarde aqui e amanhã vou acordar cedo então não vou escrever muito mais, amanhã eu falo um pouco mais sobre a viagem, o vôo, a casa que estou, meu dia de hoje (foi bastante movimentado consegui conhecer bastante coisa) e quem sabe, se o Coquinho já tiver postado, eu coloco algumas fotos!Edit: Estou sem sono... não adianta!

Vamos falar um pouco da minha viagem então: Para quem não sabe eu vou estudar aqui na França por um tempo, passarei 2 anos aqui estudando na École Centrale de Paris (ECP). Vou responder as perguntas mais frequentes, assim fica mais fácil: 
 
Você está em Paris já?
Não, por enquanto estou em Lyon, vou fazer 3 semanas de um curso de francês aqui, durante esse período ficarei na casa da Leila com mais alguns estudantes. 
 
Como funciona esse seu intercâmbio? Você vai perder esses dois anos?
Meu intercâmbio é um diploma-duplo (ou intercâmbio sanduíche), eu estudarei por dois anos aqui, depois volto para a Unicamp e termino meu curso. O quanto dos meus estudos aqui que será validado quando eu voltar para a Unicamp só Deus sabe e depende de quem será o coordenador do meu curso quando eu voltar. 
 
E como você vai pagar tudo isso?
Consegui uma bolsa pelo programa Ciência Sem Fronteiras do governo federal, devo receber o suficiente para me manter aqui. Quanto a École, não precisarei pagar ela. 
 
Onde você vai morar?
Muito provavelmente vou ficar na moradia da ECP que fica dentro do próprio campus. 
 
E para comer?
A ECP tem o seu restaurante universitário, espero que seja bom =D 

Você está sozinho aí na França?
DEFINITIVAMENTE NÃO! Só para o programa das Écoles Centrales foram quase 15 alunos da Unicamp, para Paris na mesma École que eu existem mais 2, o Erik de Limeira, e o Coquinho, que está aqui em Lyon comigo (em outra casa porém). Além disso MUITA gente conhecida já está nesse país, ou está por vir.


Bom eu acho que agora sim é tudo por hoje, se alguém quiser perguntar alguma coisa me manda pelo face, gtalk, msn, comentário, mensagem sei lá... se lembrar de mais algo eu atualizo aqui de novo.